Um dia o Homem parou,
Nada... Nem acção!
Apenas pensou,
Que vivia rodeado de abjecão.
Encontrou sua mulher traindo,
Não vociferou,
Apenas saiu de casa sorrindo,
E nunca mais voltou.
Tinha um bom cargo,
O melhor salário,
Um pesado fardo,
E um superior abecedário...
O que fazer? Perguntou!
Por todo lado havia viajado,
De tudo havia escutado,
Até guerra miséria e morte afrontou.
Estava cansado, mutilado,
Pela natureza do ser humano, caminhou...
Seu destino estava traçado,
E assim da vida desdenhou.
Safa!... Poucos anos lhe restavam,
Morrer sem se conhecer?
Sabia que os anos devastam,
Não tardaria o anoitecer.
Estava decidido,
Queria um verdadeiro império,
Sem dinheiro construído,
Não o seu inútil vitupério.
Nesse dia tornou-se num eremita,
Jogou o relógio fora,
Procurou uma gruta, e nela agora dormita.
Sem o mundo que o desafora.
Se passaram os anos, sete...
Agora sentia um adocicado assete,
Afinal de que lhe servira a tecnologia,
Se esta infeliz trazia infelicidade por analogia?
De vez em quando, ao longe, via um ser humano,
Mas logo se escondia,
Encantado pela vida e sua melodia.
Antes preferia ser melómano.
Quando a noite rompia,
Se deitava contando estrelas sob a lua cheia,
E neste império de luz sorria,
Tornara a sua vida numa semicolcheia.
Miguel Martins de Menezes
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