domingo, 29 de junho de 2014

Comunicação

É possível conquistar alguém pela escrita?


 


É possível conquistar alguém pela escrita?

Esteticamente o minimalismo ajuda a fazê-lo?

Onde esta postura pode condicionar-nos?


Acho curiosa a questão na medida em que o afecto se estrutura na comunicação, a tal "química", indo muito para além desta no aspecto estritamente oral ou escrito, pois existe toda uma linguagem corporal além de outros veículos de comunicação como o cheiro, entre outros..

Quero ficar na linguagem escrita para não fugir do tema. Na verdade quando falei no minimalismo foi derivado de um factor; essa atitude redutora da comunicação não irá intervir de modo a quebrar a força da mensagem no amor ou no afecto?

Na verdade penso que existe uma inter-relação entre as limitações da nossa capacidade de expressão e a beleza que pretendemos transmitir quando amamos alguém. Recordo ter escrito cartas de amor pungentes que se estendiam por várias páginas, nunca saciado pelas palavras que dizia. Cartas de amor "ridículas", como Pessoa dizia, mas cuja beleza transcendia o riso dos que são alheios a este sentimento belo, o mais belo que o ser humano possui.

Quando recordo essas cartas, não tenho dúvida em afirmar que elas tinham origem nesse delicado sentimento ; um fogo que lambia cada página e cada palavra, repetindo incessantemente a ideia de fundo plasmada em múltiplas palavras de afeição e ternura cujo objecto era a conquista do destinatário. Esse género epistolar íntimo com origem na nossa essência, no nosso fervor deambulatório, uma viagem entre a erudição e o exorcismo da paixão que alimentava um pedaço de papel.

O minimalismo não iria reduzir ainda mais a criatividade desse acto de entrega que se pretende absoluto sem nunca o ser pela nossa precariedade humana?... As já limitadas ferramentas de que dispomos para atingir a finalidade a que nos propomos?...Ai, ai, ai... Esse sentimento belo desnutrido pela incapacidade de tecer a imaginação na moldura das nossas palavras e construções mentais.

O que pensa disto?..Quando escrevemos num acto de paixão e amor, temos a tendência de ir ao extremo na plenitude do uso das ferramentas disponíveis para exprimirmos da forma mais perfeita, mais imaculada que encontramos, esse belo sentimento que modifica a alma humana e a que de modo tão simples chamamos: amor!

Um abraço,

Miguel Martins de Menezes




sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

PARE O CRIME!

“Just look at us. Everything is backwards; everything is upside down. Doctors destroy health, lawyers destroy justice, universities destroy knowledge, governments destroy freedom, the major media destroy information, and religions destroy spirituality.” — Dr. Michael Ellner

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

" O HOMEM QUE NÃO SE SENTIA SÓ"









"O HOMEM QUE NÃO SE SENTIA SÓ"


Um dia o Homem parou,
Nada... Nem ação!
Apenas pensou,
Que vivia rodeado de abjeção.


Encontrou sua mulher traindo,
Não vociferou,
Apenas saiu de casa sorrindo,
E nunca mais voltou.


Tinha um bom cargo,
O melhor salário,
Um pesado fardo,
E um superior abecedário...


O que fazer? Perguntou!
Por todo lado havia viajado,
De tudo havia escutado,
Até guerra miséria e morte afrontou.


Estava cansado, mutilado,
Pela natureza do ser humano, caminhou...
Seu destino estava traçado,
E assim da vida desdenhou.


Safa!... Poucos anos lhe restavam,
Morrer sem se conhecer?
Sabia que os anos devastam,
Não tardaria o anoitecer.


Estava decidido,
Queria um verdadeiro império,
Sem dinheiro construído,
Não o seu inútil vitupério.


Nesse dia tornou-se num eremita,
Jogou o relógio fora,
Procurou uma gruta, e nela agora dormita.
Sem o mundo que o desafora.


Se passaram os anos, sete...
Agora sentia um adocicado assete,
Afinal de que lhe servira a tecnologia,
Se esta infeliz trazia infelicidade por analogia?


De vez em quando, ao longe, via um ser humano,
Mas logo se escondia,
Encantado pela vida e sua melodia.
Antes preferia ser melómano.


Quando a noite rompia,
Se deitava contando estrelas sob a lua cheia,
E neste império de luz sorria,
Tornara a sua vida numa semicolcheia.


Miguel Martins de Menezes